Declaração do Encontro de 15 de novembro de 2017
Com gratidão, realizamos a III Assembleia da Aliança Cristã Evangélica Brasileira neste dia 15 de novembro de 2017. Agradecemos a Deus pela sua fidelidade para conosco nestes breves anos de existência da Aliança: tempo de graça, desafios e oportunidades que Ele nos tem dado.
Aqui afirmamos a nossa fé em Jesus Cristo, como Senhor e Salvador. É a partir deste pertencimento a Ele que podemos vivenciar tantas experiências de unidade nas comunidades de fé espalhadas pelo nosso vasto e fascinante Brasil. Reconhecemos, ainda, que Deus nos chama para sermos testemunhas, servos e servas exatamente nestes dias difíceis – de rupturas e polarizações, mentiras e injustiças, desemprego e dificuldades financeiras e econômicas – que vivemos hoje. Envoltos pelas cicatrizes deste tempo, nós nos esforçamos para escutar a palavra de Deus que nos convida a uma convivência fraterna, mas também à integridade e à transparência nas relações humanas, na construção social e no cuidado para com os pequenos, os fracos e os vulneráveis em nosso meio. A partir desta escuta, defendemos:
- Que o nosso país passe por uma profunda reforma política a partir do respeito pela nossa Constituição e sempre dentro dos marcos da construção de uma democracia voltada para garantir os direitos fundamentais do nosso povo. O presente sistema político e sua prática estão profundamente corrompidos e a sociedade está cansada de um continuísmo voltado à manutenção de insaciáveis benefícios. O resultado deste sistema é a exploração, especialmente dos mais fracos e vulneráveis em nossa sociedade. Hoje denunciamos um sistema e uma prática política que perderam a dignidade, a vergonha e a percepção do outro. Precisamos de uma reforma política que garanta uma efetiva representatividade do povo, e não apenas de interesses corporativos e fraudulentos. A nossa palavra, portanto, é: reforma política já.
- Que nossas políticas públicas, nossas pautas educacionais e nossa agenda político-social (re)afirmem a integridade da vida, a defesa do mais frágil, uma família onde se reconheça o papel central da maternidade, da paternidade e da filiação na construção de uma sociedade que seja mais integrada, pacificada e alegre. Denunciamos os inúmeros lobbies e práticas midiáticas nos quais a realidade cotidiana tem sido distorcida, as relações humanas fragmentadas e as “famílias” fabricadas com ilusões absurdas e falsas possibilidades. A vivência da família, biológica e do coração, não deve ser romantizada, mas sim vivenciada de forma a alimentar a saúde do nosso tecido social. Um tecido que saiba incluir e se fazer família com compaixão, transparência e confiança em Deus, o “pai dos órfãos e das viúvas”.
- Que a nossa nação e as nossas igrejas deem prioridade ao que o próprio Jesus nos ensinou e desafiou a fazer: cuidar das crianças, dos fragilizados e dos pobres em nossa sociedade. Neste sentido, alertamos a todos para que a rede de apoio e cuidados destes não seja abandonada nem privatizada a tal ponto que apenas ricos, poderosos e fortes tenham lugar entre nós. Os órfãos, as viúvas e os refugiados sempre estiveram na agenda do cuidado de Deus e as vozes dos profetas de ontem ecoam entre nós ainda hoje. Buscamos uma sociedade menos violenta e desigual. Uma sociedade onde haja lugar para todos e onde os mais fracos e vulneráveis recebam um cuidado inspirado no cuidado que Deus dedica a todos nós. Que não nos falte coragem para pastorear e lutar com e a favor deles.
Jesus anunciou um novo tempo, concreto, único e real entre as pessoas com as quais ele conviveu. Tal experiência transformadora continua vital nos dias de hoje. Ele ainda nos chama para abandonar nosso egocentrismo, assumir nossa missão e segui-lo com intrepidez em direção à cruz (Lucas 9.23). Como testemunhas sinceras desta verdade, reconhecemos a necessidade de confessar as nossas práticas e discursos incoerentes influenciados fortemente pela cultura e pelas ideologias do nosso tempo. Precisamos de uma conversão aos valores e à realidade do Reino de Deus, fonte de toda esperança. Não podemos mais adiar. Este é o momento, esta é a hora!
A III Assembleia Geral da Aliança Cristã Evangélica Brasileira encerra suas atividades em oração ao nosso Pai, rogando que Ele nos permita participar da sua ação no mundo, com integridade e fidelidade a Ele mesmo, em 2018 e por muitos anos mais.
“Pai nosso, que estás nos céus!
Santificado seja o teu nome.
Venha o teu Reino;
Seja feita a tua vontade,
assim na terra como no céu”.
(Mateus 6.9, 10)
Brasil, 15 de novembro de 2017
Conselho Coordenador da Aliança Cristã Evangélica Brasileira
Fonte: Aliaça Evangélica: http://www.aliancaevangelica.org.br